quarta-feira, 7 de maio de 2008

Tragédias infantis e sensacionalismo da mídia

Três casos em pouco mais de um ano. Um na Inglaterra e dois no Brasil. Situações em que agressões e torturas contra crianças, que acabaram desaparecidas ou mortas, foram alvo da mídia, que pode deitar e rolar:

- No último sábado, 3 de maio, completou-se um ano do desaparecimento da
menina britânica Madeleine McCann, 4 anos. Muito a mídia noticiou sobre "o caso Mad", diariamente, mas não ajudou em nada todo o alarde...a pobre menina não retornou aos braços dos pais, para o alívio dos telespectadores aflitos.

- Mais próximo de nós, no Rio, João Hélio de 6 anos, em meio a um assalto sofrido por sua família, ficou preso ao cinto de segurança do carro e foi arrastado durante a fuga dos ladrões por mais de sete quilômetros.


- O caso mais quente é o de Isabella Nardoni, 5 anos. Tendo por principais acusados de sua morte o pai e a madrasta, Isabella teria sido esganada pela madrasta, até perder os sentidos. O pai, tentando simular uma invasão ao apartamento em que moram, querendo justificar assim que alguém tenha invadido o local e matado a garota, jogou-a pela janela. Ela foi encontrada morta no pátio do condomínio. Hoje, dia 07 de maio
Tanto o caso de Isabella quanto o de Madeleine foram casos de família, fatos sem influência na vida das pessoas. Em que afetaria a morte ou o desaparecimento de uma menina em minha vida?
De nada me interressa ou me afeta. Mesmo assim essas situações foram noticiadas, de forma repetitiva e cansativa a expectadores, leitores e ouvintes. Isso se deve ao fato de, mesmo sendo fatos irrelevantes, as pessoas parecem interessar-se por esses assuntos mórbidos, mostrando-se caridosas e sensíveis às crianças, pondo-se no lugar dos afetados. Muitas mães apareceram chorando, comovidas com a situação. Outros foram oportunistas, querendo se promover no dia da reconstituição do crime.

Hoje uma multidão aguardava o resultado do mandado de prisão do casal Nardoni em frente a delegacia em que se encontravam. Pra quê? Pura curiosidade. Se estivessemos na Idade Média essas pessoas teriam sido queimadas na fogueira.
O único caso que mereceu atenção foi o da morte de João Hélio, pois nele está uma questão de segurança pública. Essa sim, de importância a toda a sociedade, já que assaltos ocorrem diariamente a milhares de pessoas no país.
Enfim, isso é um protesto ao oportunismo da mídia para aumentar audiência com assuntos irrelevantes. Mas agora está perto do fim o julgamento dos Nardoni e espero não ver tão cedo tamanho sensacionalismo relacionado a outro crime.

Um comentário:

Maria Clara Spies disse...

o pior é ter plena certeza que veremos sim mais casos semelhantes sendo explorados pela mídia, as pessoas debatendo tais assuntos em filas, restaurantes, salas de espera de médico, os rechaçando, lamentado e/ou condenando, mas seguindo a vida normalmente.

Parece que a mídia tomou pra si aquele papel de distrair e envolver as pessoas dentro do que foi intitulado política do pão e circo na Roma antiga.